Nota de completo repúdio às ações de repressão,
opressão e agressão que estão ocorrendo na UEM.
Ensino, pesquisa e
extensão. São aspectos que não representam mais o caráter da Universidade
Estadual de Maringá. Hoje, a sua essência está no modo repressivo, opressivo e
agressivo com que a equipe da vigilância patrimonial da universidade está
agindo, com suspeitas de policiais infiltrados (a paisana) – o que implica na
quebra do pouco que resta da autonomia universitária.
Interferir
arbitrariamente na Autonomia Universitária, garantida pelo artigo 207 da
Constituição Federal do Brasil - “as universidades gozam de autonomia
didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial”
-, mais que uma ação irracional, representa a tentativa de neutralizar a
consciência humana por uma ideologia medíocre e autoritária.
Relatos de estudantes
revelam que, nos últimos dias – 29 e 30/08/2013 –, no período noturno, o espaço
público (que é a universidade) não permite mais reuniões e discussões de
estudantes, principalmente daqueles com aparência e personalidade crítica.
É um verdadeiro esquema
de perseguição e repressão de estudantes, totalmente injustificável, irracional
e fascista!
Sabemos que os vigias
não recebem o devido e necessário treinamento para exercer a função. Desta
maneira, se tornam vulneráveis às decisões autoritárias e obscuras da
administração da universidade, em especial, do reitor Júlio Santiago que tem,
certamente, pela sua omissão, a conivência da vice-reitora, Neusa Altoé, que
alega ser “contra” a entrada de polícia no campus.
Dizer simplesmente que
muito do que a UEM conquistou até hoje, inclusive a sua gratuidade, se deve ao
processo de mobilização e resistência do Movimento Estudantil, sem estar de
fato do lado dos estudantes, apenas representa a mediocridade política da administração
da universidade.
O que fica evidente é
que todo e qualquer estudante é suspeito! Mas suspeito de que? De estudar e
fazer valer o seu direito? Ou será de ocupar o que é público, portanto, também
seu? Ou então por estar exercendo o seu direito de liberdade de expressão e reunião?
A Educação nos dias
de hoje, presa nos moldes burocráticos que atendem aos interesses da classe
dominante e exploradora, já não possui nenhuma racionalidade do ponto de vista
da formação humana integral. E quando a comunidade universitária e externa
ousou questionar essa lógica da austeridade e apontar a possibilidade de outros
modos de organização social, a imprensa cumpriu seu papel de cão de guarda
ideológico dos donos do poder, com imagens e notícias sensacionalistas que
degradam o ensino público, dito como o “melhor do Paraná”. São publicações
ridículas e totalmente desprezíveis para a mínima compreensão da realidade. Uma
mídia que é o verdadeiro exemplo da extrema irracionalidade!
Essa mesma comunidade
que, há anos, está sendo perseguida e oprimida, de forma injustificável, é a
mesma que, hoje, está sendo valorizada pelo seu produtivismo nos informativos da UEM: “cursos
da UEM tem avaliação máxima no Guia de Estudante da Abril”; “cresce o reconhecimento dos
pesquisadores da UEM no CNPq”; entre outras. Ora, todos esses resultados
importantes e qualitativos são reflexos de uma comunidade pensante, integrada
num complexo social maior (a sociedade), portanto, vulnerável aos mesmos vícios
desta - como álcool e outras drogas -, que afeta direta e indiretamente todos
os setores da universidade – docentes, técnicos e estudantes.
Evidentemente, as contradições sociais fazem parte
do nosso cotidiano. No entanto, a sua compreensão não se dá na obscuridade da
irracionalidade, mas sim na ação humana consciente com vistas à transformação e
emancipação social.
Deste modo, o CAFF – Centro Acadêmico Florestan
Fernandes de Ciências Sociais/UEM, com apoio do MEK – Movimento em defesa da
Educação para além do Capital e do DCE – Diretório Central dos Estudantes
“Movimente-se”, declara seu COMPLETO REPÚDIO à determinação retrógrada,
autoritária e obscurantista da administração da universidade em tentar
neutralizar as manifestações políticas e culturais da comunidade universitária,
que muito contribui para o crescimento e valorização desta cidade e região nos
seus diversos aspectos.
É necessário utilizar
todos os meios disponíveis para barrar essa medida reacionária, para
defendermos a dignidade e a autonomia da comunidade universitária. O obscurantismo
precisa ser derrotado!
Por uma luta
coletiva, classista e consciente! Em defesa da comunidade e da autonomia
universitária!
CAFF – Centro Acadêmico
Florestan Fernandes de Ciências Sociais.
MEK – Movimento em
defesa da Educação para além do Capital.
DCE – Diretório Central
dos Estudantes (“Movimente-se”).
Maringá/PR, 03/09/2013.